As Capacidades do Homem Interior

“Quais são as qualificações necessárias para se registrar nesta faculdade?”, perguntou o jovem. Em resposta, foi-lhe apresentado um alto grau de desempenho acadêmico.

Como pecadores, não tínhamos nada além de nossa necessidade para nos apresentarmos a Deus; nunca poderíamos ter nos qualificado para Sua salvação. Como Ele foi misericordioso e gracioso ao nos aceitar em Seu Filho amado. Graças a Deus, agora somos salvos e estamos definitivamente ansiosos para aprender mais perfeitamente os caminhos do Senhor. Embora não precisemos de nenhuma qualificação acadêmica, seria bom se nos aproximássemos de nossas Bíblias com um verdadeiro propósito de coração e certas qualificações espirituais bem reconhecidas.

CONVICÇÃO DE MENTE na inspiração verbal da Bíblia: Dois jovens que haviam se formado na mesma matéria na escola se viram empregados em um laboratório industrial. Enquanto realizavam suas tarefas rotineiras e de pesquisa, discutiam diferentes tópicos, bem como eventos atuais. Em certa ocasião, um deles disse ao outro: “Gosto de ler a Bíblia”. “O quê, você?”, foi a resposta incisiva. “Sim, eu, pois acredito que a Bíblia é a palavra de Deus”, afirmou o primeiro. “Eu não”, foi a réplica, “não tenho certeza de que exista um Deus, mas estou convencido de que, se houver um, a Bíblia não é Dele. Para mim, a Bíblia é uma produção astuta, uma peça de literatura clássica”. “Para mim”, respondeu seu colega, “toda escritura é inspirada por Deus e é proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça”.

A convicção do jovem químico deve ser a nossa convicção, se quisermos aprender mais com uma leitura mais atenta da Palavra de Deus.

REVERÊNCIA DE CORAÇÃO e oração: “Deus deve ser reverenciado por todos os que estão ao Seu redor.” (Sl 89:7) O cristão deve servi-lo de forma aceitável com reverência e temor piedoso, lembrando-se sempre de que seu Deus “é um fogo consumidor.” (Hb 12:28-29) Os dois filhos de Arão, Nadabe e Abiú, pereceram na chama consumidora, porque, de forma irreverente, manipularam as coisas sagradas que lhes foram confiadas. Chamamos a Palavra de Deus de Bíblia Sagrada, e ela é sagrada. Vamos sempre reverenciá-la e lê-la. Devemos sempre usar a Bíblia Sagrada com profundo respeito por causa de sua origem divina, por causa de sua suprema sublimidade, por causa de sua perfeição impecável, por causa de sua verdade irrefutável e por causa da importância de sua mensagem. Sempre elevar o coração em uma oração submissa e breve, quando começamos a ler a Bíblia, é um costume útil que todos deveriam adotar.

DEPENDÊNCIA DO INTELECTO no Espírito Santo: Até mesmo uma compreensão limitada do ministério do Espírito Santo, conforme apresentado nos escritos do apóstolo João, convencerá a todos de que, ao estudarmos a Palavra de Deus, é necessário confiar Nele para obter iluminação. Em sua primeira epístola, João fala do recebimento do Espírito e de Sua residência em nosso coração: “Mas a unção que recebestes dele permanece em vós, e não necessitais de que alguém vos ensine; pelo contrário, a mesma unção vos ensina todas as coisas.” (1Jo 2:27) Por meio de uma comparação das Escrituras, sabemos definitivamente que essa declaração não pode significar que Deus não usa os homens como canal de ensino, pois “Ele deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e mestres, para o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para a edificação do corpo de Cristo.” (Ef 4:11-12) Consequentemente, concluímos que essa declaração de João indica que não precisamos que nenhum homem seja para nós uma fonte de ensino.

No Evangelho de João, temos três referências à operação do Espírito Santo nos primeiros discípulos. Vamos ponderar bem cada referência. Primeiro: “Ele trará todas as coisas à memória de vocês.” (Jo 14:26) Por meio dessa atividade do Espírito Santo, os apóstolos foram capazes de recordar os detalhes e escrever a vida de Cristo nos quatro Evangelhos, Mateus, Marcos, Lucas e João, muito tempo depois de as cenas terem passado. Segundo, “Ele vos ensinará todas as coisas.” (Jo 14:26) A referência aqui deve ser aos novos ensinamentos que formam a maior parte das epístolas do Novo Testamento. Na terceira parte, lemos: “Ele vos anunciará as coisas futuras.” (Jo 16:13). Aqui a insinuação é para a profecia, cuja forma permanente temos particularmente no livro Apocalipse. As implicações são que o Espírito Santo de Deus é o canal de revelação, o meio de inspiração e o poder de iluminação. Portanto, somos obrigados a olhar para Ele e a depender Dele, o Intérprete Divino. Ele toma posse das coisas de Cristo e as revela a nós (Jo 16:14) Deus as revela a nós por meio de Seu Espírito, “pois o Espírito sonda todas as coisas, sim, as profundezas de Deus.” (1Cor 2:10)

HUMILDADE DE ESPÍRITO perante o Senhor e perante os homens: Há alguns que possuem uma certa religião natural que produz uma humildade espúria, sobre os quais lemos que se envolvem em coisas “que aparentam sabedoria e humildade.” (Cl 2:23) Que o Senhor nos livre dessa hipocrisia farisaica, e que possamos sempre, com humildade mental, recusando-nos a confiar na sabedoria carnal, abordar nossos alegres períodos de estudo da Bíblia, sabendo que “da humildade e do temor do Senhor vêm as riquezas, a honra e a vida.” (Pv 22:4) O Senhor Jesus é o exemplo clássico; sobre Ele lemos: “Ele se fez sem reputação.” Além disso, Ele disse: “Eu sou manso e humilde de coração.”

SUBMISSÃO DE VONTADE para praticar o que foi aprendido: Diz-se, para encorajar aqueles que desejam ampliar seu vocabulário, que se uma nova palavra for usada cinco vezes, ela se tornará sua própria palavra. Se quisermos impressionar nossa mente profundamente com alguma teoria nova, tentamos ver essa teoria na prática. Nas coisas de Deus, aprendemos fazendo. “Se alguém fizer a vontade Dele, conhecerá a doutrina, se ela é de Deus.” (Jo 7:17): Há três palavras que geralmente consideramos sinônimos, mas é bom diferenciá-las. Há o conhecimento, o fato abstrato que adquirimos; a sabedoria, a sagacidade na aplicação do fato; e o entendimento, a aplicação real do conhecimento adquirido de maneira sábia. Não devemos apenas adquirir um grau de conhecimento bíblico, mas, com humildade de espírito, devemos estar sempre prontos, com entendimento, para aplicar esse conhecimento com sabedoria.

Oremos sinceramente para que essas qualificações espirituais possam ser desenvolvidas em nós, de modo que, com real competência e postura interior adequada, possamos aprender, e que nossa vida possa ser enriquecida, nosso serviço controlado e nosso abençoado Senhor Jesus glorificado.

James Gunn — “Escritos dos Irmãos de Plymouth”

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