Aprendei de Mim

“Aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas.” (Mt 11:29) — Essas palavras penetram mais profundamente do que os trovões do Sinai.

Os mandamentos e proibições expressos da lei encontram uma resposta pronta dos orgulhosos corações humanos, que estão sempre prontos a dizer:

“Tudo o que o Senhor falou nós faremos.”

Mas quando os lábios dAquele que era manso e humilde de coração, dAquele que não tinha reputação e foi desprezado e rejeitado pelos homens, são ouvidos dizendo: “Aprendei de Mim”, um caminho de sofrimento e serviço paciente é descoberto. Para esse caminho não estão preparados aqueles que não têm a mente de Cristo e não amam o Senhor Jesus Cristo com sinceridade.

Aprender com Ele, conforme Seus caminhos e Sua vontade são revelados na Palavra de Deus, é aprender a se sujeitar até que “todo pensamento seja levado cativo à obediência de Cristo”. Pois Ele nos revelou muito de Sua vida oculta, durante a qual aprendeu a obediência na Terra por meio das coisas que sofreu e glorificou o Pai pelo perfeito cumprimento de Sua vontade.

O Exemplo Perfeito

Ele era, de fato, o único Filho amado de Deus e por Ele foram criadas todas as coisas.

“Ele era o resplendor da glória do Pai e a expressa imagem de Sua pessoa.”

E, no entanto, quando Ele se humilhou na forma de servo e foi encontrado na forma de homem, Ele se entregou sem reservas a um lugar de dependência e viveu de acordo com cada palavra que saiu da boca de Deus. É somente quando entendemos isso que podemos avaliar corretamente Seus anos de infância, juventude e virilidade, e a maravilhosa palavra que Ele proferiu quando disse:

“Eu não posso de Mim mesmo fazer coisa alguma; ouço e julgo, e o Meu juízo é justo, porque não procuro a Minha vontade, mas a vontade do Pai que Me enviou.” (Jo 5:30)

É à luz de tais palavras que podemos entender o significado do chamado de Jeová:

“Eis aqui o meu servo, a quem sustenho; o meu eleito, em quem a minha alma se compraz.” (Is 41:1)

Ninguém além Dele poderia dizer com verdade:

“Faço sempre o que Lhe agrada.” (Jo 8:29)

Ele viveu em comunhão ininterrupta com Aquele de quem disse:

“O Senhor Deus me deu a língua dos sábios, para que eu saiba falar uma palavra a tempo ao cansado; ele desperta de manhã em manhã, desperta os meus ouvidos para ouvir como os sábios.” (ou como o instruído) (Is 50:4)

Foi nessa comunhão que Ele se regozijou continuamente:

“Bendirei ao Senhor, que me deu conselho! Também as minhas rédeas me instruem nas horas da noite. Sempre pus o Senhor diante de mim; porque ele está à minha direita, não serei abalado.” (Sl 16:7-8)

Ele foi conduzido a caminhos de provação. Ele era um “homem de dores e familiarizado com o sofrimento”. Sabemos como Sua obediência foi testada a partir daquela cena de suprema angústia, quando se aproximava o momento em que Ele deveria carregar a culpa do homem e, assim, enfrentar a justa ira de Deus. Reflitamos sobre Suas palavras:

“Aba Pai, todas as coisas te são possíveis; afasta de mim este cálice; todavia, não seja o que eu quero, mas o que tu queres”

Ele foi adiante, nas mãos dos pecadores, quando foi entregue.

“Dei as minhas costas aos que me feriam e as minhas faces aos que me arrancavam os cabelos. Não escondi o meu rosto da vergonha e do cuspe.”

E ainda mais:

“Ele se tornou obediente até a morte, sim, a morte de cruz.”

Por isso, diz o Apóstolo:

“Deus o exaltou soberanamente e lhe deu um nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho” (Fp 2:9-10).

O Seguidor Humilde

Precisamos aprender a força das palavras “Aprendei de Mim, porque sou manso e humilde de coração”. Os exemplos humanos são facilmente imitados, mas Aquele que se une ao Senhor é um só espírito e é somente unidos a Ele e permanecendo Nele que podemos andar como Ele andou. Dizer com sincera humildade: “De mim mesmo nada posso fazer” e agir com a convicção de que não somos “suficientes em nós mesmos para pensar alguma coisa a nosso respeito”. Precisamos ser ensinados por Deus. O ardor natural da disposição, os dons naturais de vários tipos, podem nos levar longe na estima dos homens e na aparência de serviço dedicado. Renunciar à dependência de tudo o que é da carne e esperar no Senhor com a certeza de Seu poder de usar as coisas fracas do mundo para confundir as coisas poderosas são, por si só, provas de que nos submetemos à Sua perfeita vontade. Prosseguir pacientemente, sem buscar o louvor dos homens nem, de forma alguma, nossa própria vontade ou glória, mas sim o favor, o louvor e a glória somente de nosso Pai, certamente é de fato o fruto do espírito que nos transforma à semelhança de Cristo. Aprendemos que é por meio de uma vida de simples dependência que podemos glorificar a Deus de forma mais eficaz. Também sabemos que é a partir desse objetivo que nosso adversário nos derruba sempre que pode. Para nos guiar, nosso gracioso Senhor tem que nos humilhar repetidas vezes, desapontando nossa vaidade e ambição, para que possamos realmente aprender a lição de que Sua força se aperfeiçoa em nossa fraqueza. Com o verdadeiro conhecimento disso, podemos ecoar as palavras:

“De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo. Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo; porque, quando sou fraco, então é que sou forte” (2Cor 12:9-10).

Não deve ser difícil aprender essa lição, pois o Senhor Jesus, o exemplo perfeito, com todo o Seu poder inerente e infinito, escolheu o lugar de dependência e Se submeteu perfeitamente em todo o Seu serviço, dia após dia, à vontade de Seu Pai. Como é terrível o orgulho em nosso coração que demonstra nossa autossuficiência! Que possamos aprender mais perfeitamente a sabedoria da comunhão com nosso abençoado Senhor e de tomar Seu jugo sobre nós para encontrar descanso para nossa alma. Viver habitualmente em sujeição a Ele, rejeitar nossa própria força e negar a nós mesmos, não é essa a vontade de Deus em Cristo Jesus a nosso respeito em todos os momentos?

Robert J. Agnew — “Alimento para o Rebanho”, novembro de 1967.

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