A Parábola dos Talentos e das Recompensas

Não houve interrupção entre o pronunciamento da parábola anterior (se referindo à Parábola das Dez Virgens) e o dessa. Em continuação às suas últimas palavras aos Seus, Jesus acrescentou essa Parábola dos talentos como um complemento à das Dez virgens. O texto original, nos versículos 13 e 14 que, na verdade, são um só versículo, deveria ser traduzido assim: “em que o Filho do Homem virá, pois ele é como um homem”, etc. A diferença notada no texto em português foi opção dos tradutores. Essa parábola complementar prova que ele não era parcial nos Seus ensinamentos. Quando Ele enfatizava um aspecto específico numa parábola, Ele protegia os Seus ouvintes de concluírem além do que era necessário. Portanto Jesus era seletivo ao apresentar a verdade. Na Parábola das “Dez Virgens” Ele revelou a necessidade de atenção ao caráter interno, mas aqui, na de “Os Talentos”, Ele une essa necessidade, impondo fortemente a prática externa (Mt 25:14-30).

Os construtores de Neemias combinaram a vigilância com a ação: “E os edificadores cada um trazia a sua espada à cinta, e assim edificavam. Mas o que tocava a trombeta, estava junto de mim” (Ne 4:18). E essa é a combinação fornecida por essas duas parábolas. As Dez virgens nos ensinam a necessidade de vigilância; os Talentos, o dever do trabalho. Ao olharmos para o retorno de Cristo, devemos assim mesmo trabalhar. Paulo teve de escrever palavras fortes àqueles que pensavam que, pelo fato de Cristo estar às portas, deviam parar de trabalhar, causando assim grande desordem, pois estabeleceram uma situação de dependência da caridade dos outros para sua sobrevivência. Por enxergar o futuro, Jesus profetizou esse perigo e por isso os exortou não apenas a vigiarem, a fim de estarem sempre prontos para a sua volta, mas também a trabalharem diligentemente em direção a ela.Em sua introdução a essa parábola, Trench diz:

“Enquanto as virgens são apresentadas como que esperando pelo seu Senhor, temos aqui os servos trabalhando para Ele; há a vida espiritual interna do fiel sendo mencionada, e aqui a sua ação externa […] Portanto há uma boa razão para eles aparecerem na presente ordem, ou seja, primeiro as virgens e em seguida os talentos, pois a única condição para haver uma ação externa, produtiva para o reino de Deus, é que a vida de Deus seja diligentemente conservada dentro do coração”.

Como essa Parábola dos talentos tem sido confundida com a das Minas que Lucas nos concede (19:12-36), pode ser bom nesse ponto do estudo analisarmos as duas. São semelhantes em alguns aspectos. Por exemplo, ambas dizem respeito a um rico que parte para um país distante e deixa uma quantia de dinheiro, a fim de que os seus servos invistam para ele. Em ambas há a sua promessa de que, quando voltar, ele agirá com os seus servos em função do uso que fizessem do dinheiro que lhes fora confiado – recompensa para o fiel, punição para o negligente. Mas parece que aqui termina a semelhança entre elas. Essas são as diferenças importantes entre elas, quando as caracterizamos diferentes uma da outra:Na Parábola dos talentos, Jesus falou com os Seus enquanto estava no monte das Oliveiras; em As Minas, Ele fala com a multidão em Jericó.

Nos Talentos, está em foco a diferença de responsabilidade sobre os negócios. Diferimos uns dos outros na quantidade de dons recebidos. Em As Minas, todos somos igualmente responsáveis. Os servos foram diferentes uns dos outros quanto à diligência que demonstraram.

Nos Talentos, os servos receberam uma quantidade diferente de talentos, de acordo com a sua capacidade pessoal. Dois dos servos usaram os talentos da mesma forma e, portanto, a sua recompensa também foi igual. Em As Minas, foi-lhes dada a mesma quantia, mas os servos usaram o dinheiro de forma diferente e, portanto, a sua recompensa também foi diferente.

Ambas, demonstram a suprema diferença entre o fiel e o infiel, a recompensa da diligência e a condenação da improdutividade; contudo, ambas consideram a responsabilidade de ambos os lados. Um supre o que o outro omite.

Primeiramente, observemos as linhas principais da parábola, notando suas implicações para os membros e cidadãos do reino celestial. W. M. Taylor diz que a parábola retrata com fidelidade a vida no Oriente, no tempo de nosso Senhor:

“Quando um rico resolvia ficar fora de casa por algum tempo, ele procedia de duas maneiras quanto à administração de seus bens, durante a sua ausência. Transformava os seus escravos de confiança em seus representantes, ao confiar a eles o cultivo de sua terra e o seu dinheiro, para que o usassem no comércio; ou fazia uso do sistema que fora introduzido pelos fenícios, de troca e empréstimo de dinheiro, e que vigorava plenamente naquele tempo por todo o Império Romano. Nessa parábola, o Senhor adotou a primeira opção; e havia um contrato formal ou no mínimo ficava subentendido que os servos seriam recompensados por sua fidelidade”.

Não é difícil acompanharmos as linhas principais de interpretação. O senhor rico a quem os servos si referiram como “Senhor” é “o Filho do homem”, o Senhor Jesus Cristo A viagem a um país distante se refere à Sua partida para o céu, após a Sua ascensão. Os servos, ou cativos, ou escravos, eram em primeira instância os doze discípulos a quem Jesus dirigiu a parábola, e também num sentido mais amplo todos os nascidos de novo. Devemos entender que os talentos são os dons que Jesus recebeu para os Seus servos e lhes entregou. O senhor estar ausente de casa sugere o fato de Cristo não mais estar visivelmente na terra, e a sua volta é equivalente ao retorno prometido do Mestre. As negociações empreendidas pelos servos durante a ausência de seu senhor revelam o uso fiel que o povo do Senhor deveria fazer dos dons espirituais e das oportunidades de servirem a Ele. Os elogios que o senhor fez aos servos, ao retomar, são os galardões que se pode esperar do julgamento de Cristo, quando as nossas obras, a Seu serviço, serão compensadas. A condenação do servo que falhou em sua responsabilidade é uma advertência contra o mal uso, ou o uso indevido, dos dons do céu. Vamos agora observar a parábola em suas particularidades.

1. Natureza e o Número dos Talentos

O que devemos entender por talento? Hoje em dia usamos a palavra num sentido diferente, e falamos que uma pessoa é “talentosa”, i.e., que tem uma habilidade notável quanto a isso ou aquilo. Mas aqui esse termo significa algo diferente. O vocábulo no original é talentos é substantivo que denota quantidade e não qualidade. “Talento”, como usado por Jesus, não significa algo que temos mas que Ele possui e empresta aos Seus servos. Todos os talentos na parábola pertenciam ao senhor e foram repassados por ele aos seus servos, para serem comercializados. Monetariamente um talento representaria nos dias de hoje mais de mil dólares (uma grande soma para aqueles dias) e no caso do servo que recebeu cinco talentos era uma quantia considerável. Na Parábola das minas, “mina” equivaleria aproximadamente a três libras esterlinas e meia (moeda inglesa). Todos os três servos, mesmo o que recebeu apenas um talento, tinham ampla provisão de fundos para negociarem, com poder aquisitivo ainda mais favorável do que hoje em dia.

Qual é a importância espiritual desses talentos que Jesus disse que eram os bens do senhor? Que magnífico estoque de mercadorias temos em mãos para comercializarmos! A completa revelação do próprio Deus, como registrada na Bíblia; o glorioso Evangelho de amor e graça redentor; os dons espirituais para a Igreja sobre os quais Paulo escreveu; a fé entregue aos santos; o dom e o favor do Espírito Santo, tudo isso está entre os “seus bens”. É tudo inerente a Ele, pertencem a Ele e não são como coisas delegadas a alguém como no nosso mundo material. Portanto, o que usamos para negociar durante a ausência de nosso Senhor pertence a Ele. Não é mercadoria nossa. Nossos “bens” custam muito pouco e não vale muito a pena investir neles. O que nos é oferecido para enriquecermos o mundo é a riqueza espiritual que foi adquirida pelo preço infinito do Calvário. Essa riqueza além de qualquer comparação é depositada em nossas mãos para fazermos investimentos. Os “bens”, então, não são um questionamento sobre as nossas posses ou do que somos capazes, mas são as insondáveis riquezas de sua graça, providas quantitativamente para uma humanidade empobrecida.

No que se refere à distribuição dos talentos: a um, o senhor deu “cinco”; a outro, “dois”; e ao terceiro “um”, isso nos ensina que os dons de Deus surtem muito mais efeito através de algumas pessoas do que de outras. A verdade de Deus como um todo tem o mesmo valor, e cada servo de Cristo possui a revelação completa; porém permanece o fato de que servos diferentes recebem do Senhor diferentes medidas de entendimento espiritual. Não recebemos d’Ele mais do que podemos compreender e usar. O critério de qualificação no uso dos talentos é “a cada um segundo a sua capacidade”. G. H. Lang diz que “Deus não tenta colocar um lago dentro de um balde. O homem que tem uma capacidade maior de conhecimento tem um privilégio maior quanto a servir, uma responsabilidade mais pesada em ser fiel, e com recompensa mais valiosa se for vencedor”.

Os servos de Deus diferem entre si em capacidade; e é por isso que o Espírito reparte seus dons a cada um como lhe apraz (1 Cor 12:11). Talento e habilidade não significam a mesma coisa. O senhor na parábola sabia a capacidade de negociação dos servos escolhidos e distribuiu os seus talentos segundo esse critério. Os talentos são os dons espirituais do Mestre; a habilidade são as nossas aptidões naturais e nossa personalidade. Uma pessoa pode ter grandes habilidades naturais e no entanto nenhum dom espiritual. Contudo a habilidade natural, que é também um dos dons de Deus, é necessária para que se possa receber os dons sobrenaturais. Não há a intenção aqui de considerar o terceiro servo, dentro dessas considerações, só porque ele recebeu apenas um talento. Ele não tinha condições de administrar mais do que isso. Dentre os grandes dons, para o beneficio e uso da Igreja, Paulo menciona “socorros”, simplesmente “socorros”; mas esse de forma alguma é inferior aos demais. Cada servo do Senhor recebe tudo o que precisa, e pode usar, a fim de desempenhar o seu trabalho para ele (Rm 12:4-9; 1 Cor 12:4-30).

A distribuição dos talentos, de forma desigual, nos ensina muitas verdades importantes. Poucos indivíduos têm o privilégio de empregar cinco talentos a serviço do Mestre. Eles são notórios como pregadores, comentaristas, evangelistas, missionários. Por causa de seu profundo conhecimento das verdades espirituais e poder para torná-las conhecidas, eles têm grandes responsabilidades, e mais se espera deles do que de outros que receberam menos dons do Senhor. Um número maior de indivíduos tem dois talentos. Eles estão numa posição discreta de não muita evidência. Eles não são perspicazes. Suas capacidades são limitadas. Mas o servo com aquele um talento é a descrição da vasta maioria de nós. Estamos assim classificados no serviço do Senhor. Contudo, aquele dentre nós que menos têm, estão obrigados a servir ao Senhor com a que possui, e se o servirem fielmente com o pouco que ele concedeu, serão honrados e recompensados.

A soberania do Senhor pode ser vista na distribuição de Seus dons. Apolo não era tão dotado quanto Paulo, mas ambos eram igualmente responsáveis em usarem ao máximo o que tinham. Jamais devemos lamentar a pequenez dos dons dadas a nós, “pois se há prontidão de vontade, será aceita segundo o que qualquer tem, e não segundo o que não tem”. Se a nós não nos coube o primeiro lugar, devemos nos gloriar no segundo ou mesmo no terceiro. A verdadeira arte de viver é aceitarmos as limitações que nos foram atribuídas por Deus e não lutarmos contra elas ou murmurarmos sobre elas. Não deve haver ressentimento ou inveja por parte do servo com apenas dois talentos a respeito do que tem cinco; assim também o servo com um talento não deve ter inveja do seu conservo que tem dois. No serviço para Deus é melhor estar em último lugar com fidelidade do que no primeiro com deslealdade. Lembre-se que se espera mais do servo que tem cinco talentos do que do que tem dois ou do que possui três. O salmista escalou as alturas da filosofia cristã quando disse que muito em breve seria um porteiro na casa do Senhor.

Se tivermos apenas um talento devemos usá-lo para ganhar mais um. Nossa limitação deve produzir em nós um incentivo a mais pela ação e persistência espirituais e morais. Em nossa longa caminhada o que Deus elogia e recompensa não é a capacidade intelectual, se somos brilhantes ou populares, mas a fidelidade e devoção a Ele, sem reconhecimentos ou aplausos humanos. Se não podemos ser um Moisés, sejamos semelhantes a Arão ou a um levita inferior e leal. Se não podemos ser um Paulo, estejamos entre os santos desconhecidos que contribuíam com o que tinham para ajudá-lo. José contentava-se em estar no segundo carro atrás de Faraó. Se o primeiro lugar não lhe pertence aqui, e você for fiel a Cristo, por certo, terá o primeiro lugar ao Seu lado quando Ele voltar para recompensar os que são d’Ele.

2. Uso e Abuso dos Talentos

Quando o primeiro servo recebeu os cinco talentos; e o segundo, os seus dois; temos que ambos saíram “imediatamente” e negociaram com eles. Como é forte esse termo “imediatamente”! Não houve demora. Eles não sabiam quanto tempo o seu senhor ficaria ausente; por isso tão logo ele partiu, começaram a negociar. “Tudo o que te vier à mão para fazer, fazei-o conforme as tuas forças”. Eles negociaram, fizeram permutas, até que dobraram o que tinham. O que possuía os cinco talentos conseguiu outros cinco – 100%. O servo com dois talentos foi igualmente bem sucedido, pois o seu lucro também foi de 100%. Em ambos os casos o capital original foi duplicado. Se o homem com apenas um talento o tivesse negociado, o seu lucro teria sido o mesmo.

Temos a graça e o poder para duplicarmos o nosso capital espiritual? Ao receber a graça, temos crescido na graça? Nosso desejo de orar tem sido intensificado? A nossa esperança está mais firme e real? As aspirações do passado amadureceram? A influência espiritual e os resultados do nosso trabalho têm se multiplicado? O verdadeiro motivo para servirmos e sermos frutíferos na obra é a nossa afeição pelo Mestre. Obras piedosas nada podem realizar se a nossa dedicação a Ele não for completa. O primeiro servo recebeu mais do que o segundo, mas ambos foram igualmente diligentes e fiéis na proporção do que lhes foi confiado. Somos espiritualmente prósperos ao negociarmos os bens do Mestre? Aproveitamos ao máximo os talentos espirituais que nos foram confiados e, em vez de estocá-los, negociamos com eles para alegria e honra d’Aquele que é o doador de todo dom perfeito?A tragédia nessa narrativa é que o homem com apenas um talento não o negociou nem o multiplicou. Em vez disso, cavou um buraco na terra, embrulhou-o num lenço e escondeu o talento de seu senhor. Note que não era o seu dinheiro, mas o de seu senhor. Talvez ele temesse perder o talento e então enterrou-o como medida de segurança. É muito patético quando os homens têm medo de perder o que não vão usar. Algumas pessoas têm medo de perder os seus dons espirituais e se recusam a utilizá-los. Nunca perdemos o que usamos. Enquanto esses dois conservos agiam, negociavam os seus talentos, o terceiro permanecia inativo. E não apenas isso, mas ele também foi desobediente por não seguir as instruções de seu senhor. Sua desobediência não foi ativa, mas passiva. Ele não agrediu efetivamente o talento de seu senhor; simplesmente deixou de transformá-lo em lucro. Em vez de animar-se a aumentar o que tinha recebido, saiu e o enterrou. As virgens insensatas sofreram porque foram negligentes em estar prontas; e, da mesma forma, esse servo sofreu porque nada fez com o seu talento. Esse servo representa muitos cristãos formais de hoje, os quais têm todos os privilégios externos do Evangelho, mas nunca pensam em usar e aumentar as suas oportunidades de compartilhar esses privilégios com outras pessoas. Enterram cada talento que possuem. De nada adianta a misericórdia de Deus. É pequeno o seu desejo de crescimento nas coisas espirituais, o desejo pela Palavra de Deus e pelo testemunho que salva as almas. Escondem a sua luz, qualquer que seja, debaixo de um barril.

3. Retorno e Recompensa dos Talentos

A frase “muito tempo depois veio o senhor daqueles servos” não significa que Jesus teve a intenção de ensinar que a sua segunda vinda não deveria ser esperada por séculos. Jesus nunca estabeleceu uma data para a sua volta, pois Ele pode vir a qualquer hora. Uma coisa sabemos: sempre há tempo suficiente antes que Cristo venha para que os que forem “servos diligentes dupliquem o capital que lhes foi confiado”. Quando os servos compareceram à presença de seu senhor, houve um impressionante balancete. O primeiro e o segundo servos relataram orgulhosamente o seu sucesso nos negócios e devolveram ao seu mestre o dobro do que lhe pertencia. Ambos foram recompensados exatamente da mesma forma. Ambos foram louvados: “Bem está!” Ambos receberam a promessa: “Sobre o muito te colocarei”. Ambos foram glorificados: “Entra no gozo do teu senhor”. “O gozo do Senhor” é uma alegria completa: o gozo que ele sente pelo serviço fiel a Ele prestado, o gozo que temos em sermos aprovados por Ele, o gozo em vermos outras pessoas no céu, por causa de nossa fidelidade. Esses dois servos eram diferentes quanto aos talentos recebidos, mas idênticos quanto à obediência, diligência e fidelidade ao seu senhor; portanto receberam uma recompensa idêntica. O que vai conquistar a aprovação do Mestre, quando Ele voltar para recompensar os Seus, não será a fama mas a fidelidade.

Que condenação solene caiu sobre o servo que enterrou o seu talento! Da mesma maneira que os fiéis são recompensados de acordo com o valor intrínseco de suas obras assim também há condenação pelo não uso daquilo que Cristo nos confia. Quando acontecer o Julgamento de Cristo, muitos serão elogiados; outros, porém, serão condenados. Para os que o tiverem honrado, há uma coroa (2 Tm 4:8); um trono (Ap 3:21); um reino (Mt 25:34). Será que teremos uma recompensa plena ou estaremos entre aqueles sobre que se diz: “Salvo, todavia como pelo fogo”? Uma alma salva, mas uma vida perdida e uma recompensa perdida em consequência da omissão.

Como o verdadeiro caráter do terceiro servo vem à tona, através de sua resposta e da condenação que o seu senhor lhe dirige pela sua falha? Em primeiro lugar, ele tinha uma falsa ideia de seu mestre, e usou esse seu equívoco como uma desculpa por ter falhado naquilo que lhe havia sido confiado. Ele se enganou sobre o seu mestre ao pensar que ele era um homem duro, que ceifa, onde não semeara, e agora cita esse pensamento equivocado diante do seu senhor. Por que ele tinha receio de encarar o seu mestre, enquanto os outros dois servos estavam prontos e cheios de júbilo por verem-no retornar? Essa sua postura de defesa foi uma ofensa. Ele adicionou injustiça à sua indolência. O senhor (disse que ele tinha provado ser um servo mau e negligente (note que ele ainda era um servo); mau, porque pensava que o seu senhor fosse duro e injusto; negligente, porque deixara de usar o talento.

O servo foi silenciado e condenado, e o senhor ordenou que o seu talento fosse tomado e dado ao que possuía dez. Assim ele perdeu o que tinha guardado tão cuidadosamente. Parece que a lição aqui é use ou perca. O que ganha continua aumentando o seu ganho – o que não ganha continua perdendo o que armazena. Saul perdeu a sua coroa para Davi. “Ao que não tiver, até o que tem lhe será tirado”; “A qualquer que tiver, será dado, e terá em abundância”. Como negociante que não produz o devido lucro, o servo foi atirado nas trevas. A Bíblia não revela tudo o que está implicado na expressão “trevas do lado de fora”, mas parece denotar “trevas do lado de fora de alguma região da luz”. Campbell Morgan fala desse termo como “as trevas que estão do lado de fora do reino da responsabilidade”. Esse servo não enterrou o seu talento porque só tinha um, mas porque era mau e negligente. Nós, que dizemos ser servos do Senhor, sejamos achados servindo a Ele no limite máximo de nossa habilidade e capacidade, para que quando Ele voltar possamos receber a Sua recompensa!

Herbet Lockyer – Extraído do Livro “Todas as Parábolas da Bíblia”, Editora Vida.

Leitura e Impressão