Noventa e Nove Ovelhas

Muito interessante é a história deste hino. Escrito inicialmente em 1868 em forma de poesia para uma pessoa amiga, e sendo publicado depois em uma revista, tornou-se um dos hinos bem conhecidos em todo o mundo cristão. Sua autora foi a Sra. Elizabeth Cecelia Douglas Clephane, nascida em Edimburgo, Escócia, a 18 de junho de 1830 e falecida em 1869.

Elizabeth era muito tímida e quieta, mas muito inteligente e amante dos livros. Um dos seus prediletos era a poesia, daí escrever várias, entre ela está a que nos referimos. Perdeu seus pais quando ainda era menina, mas nos estudos tinha sempre boas notas e era quase sempre a primeira da classe.

Mas como foi que essa poesia se tornou um hino tão favorito de hoje? Foi assim: no ano de 1874 o famoso evangelista Dwight Lyman Moody estava fazendo uma campanha de evangelização na Escócia, acompanhado do compositor e cantor sacro Ira David Sankey (1840 – 1908). Na viagem de trem, de Glasgow apara Edimburgo, Sankey lia um jornal que estava publicada num dos cantos da página do jornal. Deixemos que ele mesmo nos conte que sentiu:

“Fiquei tão impressionado que chamei a atenção do Sr. Moody para esta poesia. Ele pediu que eu a lesse, o que fiz com toda a energia que possuía. Ao terminar, olhei para o meu amigo Moody para ver a reação que a poesia tivera sobre ele, mas verifiquei que ele não ouviu uma palavra sequer, tão preso estava à leitura de uma carta que havia recebido dos Estados Unidos.

Apesar dessa experiência meio desagradável, Sankey recortou a poesia do jornal e colocou-a dentro de um livro. No segundo dia das conferências em Edimburgo o Sr. Moody falou sobre o assunto “O bom Pastor”. Pediu depois que um certo Dr. Bonnar falasse aos ouvintes com uma breve mensagem de apenas alguns minutos. Ao final de suas palavras, Moody olhou para Sankey e perguntou: “Você tem um solo apropriado para este assunto, com o qual possamos encerrar a reunião?”. Sankey ficou perplexo! Pensou imediatamente no Salmo 23, mas desistiu, porque esse hino já havia sido cantado várias vezes, durante as conferências. De repente, Sankey ouviu uma voz dentro de si, dizendo: “Cante aquela poesia que você achou no trem”. Mais uma vez queremos citar suas próprias palavras, descrevendo essa situação:

“Eu, porém, pensei que isso seria impossível porque nenhuma música havia sido escrita antes, para esta poesia. Mais essa impressão veio mais uma vez a minha mente. Eu devia cantar aquelas belas e oportunas palavras, que havia encontrado anteontem. Colocando a poesia sobre o órgão, à minha frente, levantei o meu coração em oração a Deus, pedindo-Lhe que me ajude a fim de que o povo pudesse me ouvir e entender. Deixando as minhas mãos caírem sobre o teclado, toquei o acorde de lá bemol e comecei a cantar. Nota por Nota, a melodia foi dada, e até hoje nunca foi alterada”.

Quando Sankey, terminou de cantar, pela primeira vez, esta poesia para a qual compôs esta música, verificou logo que havia alcançado pleno êxito. O Sr. Moody, com os olhos marejados com lágrimas, veio todo comovido e viu ainda o pedaço de jornal do qual acabara de cantar. Então perguntou:

– “Sankey, onde você achou este hino? Nunca vi coisa semelhante em minha vida!”.

Sankey, também muito comovido, respondeu:

– “Sr. Moody, este é o hino que li para o senhor, ontem, no trem, mas o senhor não ouviu!”.

E assim nasceu um dos grandes hinos missionários, que consta em quase todos os hinários evangélicos. A letra em português, tradução do original, foi feita pela Sra. Sara Poulton Kalley (1825-1888), missionária no Brasil entre os anos de 1855-1888, esposa do Sr. Robert Red Kalley, médico e missionário no Brasil e Portugal.

Noventa e Nove Ovelhas

Noventa e nove ovelhas há, seguras no curral,

Mas uma longe se afastou do aprisco pastoral;

A errar nos montes de terror, distante do fiel Pastor,

Distante do fiel Pastor.

“Com tantas outras, bom Pastor, não Te contestarás?”

“A errante é Minha”, replicou, “pertence-Me a fugaz.

Vou ao deserto procurar a ovelha que ouço em dor balar,

A ovelha que ouço em dor balar”.

Nenhum remido imaginou quão negra escuridão,

Quão fundas águas que passou, trazendo a salvação.

E quando foi pra socorrer, a errante estava a perecer,

A errante estava a perecer.

“Por toda a estrada donde vens, que sangue enxergo ali?”

“Busquei a ovelha com dolor, o sangue Meu verti”.

“Ferida vejo a tua mão”. “A angústia encheu-Me o coração,

A angústia encheu-Me o coração”.

Vêm de montanha aclamações! É a voz do bom Pastor!

Ressoa em notas triunfais o salmo vencedor!

E os anjos cantam lá nos Céus: “A errante já voltou a Deus,

A errante já voltou a Deus!”

Letra: Elizabeth Cecelia Douglas Clephane (1830-1869)

Música: Ira David Sankey (1840-1908)

Leitura e Impressão