Pregando Cristo de Acordo com as Escrituras

Ao pregar Cristo, a primeira coisa que nos impressiona é que pregamos uma Pessoa. Em toda a história do Velho Testamento nós contemplamos Deus; não uma Divindade, um abstrato; não um Poder Divino, mas o Deus vivo; não um Deus envolto em trevas impenetráveis, mas Deus em amor condescendente buscando e salvando, e fazendo-Se conhecido.

No Novo Testamento, a mesma posição central e abrangente, que é dada a Jeová no Velho Testamento, é atribuída a uma Pessoa, cujo nome é Jesus.

Se pregamos uma Pessoa, e de fato uma Pessoa Divina, não podemos realmente compreender Cristo a não ser por revelação Divina, da qual as Escrituras são o relato exterior e o Espírito Santo a iluminação interior. Pregar a Cristo significa pregar a Cristo de acordo com as Escrituras.

Se vamos pregar a Cristo de acordo com as Escrituras, isto significa pregar a Cristo crucificado. A morte de Cristo como um sacrifício expiatório é o ponto central da pregação de Cristo. A Cruz de Cristo é o propósito de tudo; é o ponto central do qual se irradiam a justificação, a santificação e a glória futura. Deus nos tem dado o ministério de reconciliação; e reconciliação significa nada mais do que a morte expiatória e substitutiva de Cristo. Isto é o Evangelho.

Para o mundo a nossa mensagem é: Cristo crucificado; para o cristão: Cristo ressurreto. A crucificação aconteceu perante os olhos do mundo; a ressurreição, em oculto. É absolutamente verdade que se Cristo não tivesse ressuscitado, o Evangelho não seria verdadeiro, nem seria um poder vivo e vitalizante; mas o Evangelho em si é: Cristo morreu pelos ímpios. A consequência da ressurreição é que Jesus, o Cristo, nosso Substituto, ressuscitou. Ele vive e verá a Sua posteridade, porque a Sua alma foi feita uma oferta pelo pecado.

Pregar a Cristo crucificado é a única maneira em que a Sua vida e o Seu ministério podem ser compreendidos. A glória da vida de Cristo foi, que para a glória do Pai e a salvação de pecadores Ele se tornou homem, e sendo feito homem, andou pelo caminho da humildade; sempre esperando, e finalmente suportando, a morte de cruz. Somente assim vemos o Cordeiro sem mancha e ruga. É assim que devemos pregar a Cristo crucificado; não excluindo a Sua vida, mas incluindo e verdadeiramente possuindo tudo que está em Cristo.

Pois não pregamos a crucificação de Cristo, mas o próprio Cristo. Cristo, ontem, hoje e eternamente. Cristo como Profeta, Sacerdote e Rei; Cristo na Sua humilhação, e Cristo na Sua glória; Cristo o Cordeiro preordenado antes da fundação do mundo, profetizado pelos profetas, recebido pelos fiéis em Israel – a Pessoa, verdadeiro homem e no entanto verdadeiro Deus, em quem possuímos o Pai e por meio de quem recebemos o Espírito.

Ao pregar Cristo, devemos nos lembrar de três coisas; Cristo é absolutamente necessário; Cristo é absolutamente suficiente; Cristo é absolutamente acessível. A pregação moderna tem falta de poder principalmente neste ponto fundamental – Cristo é absolutamente necessário. A grandeza do remédio não pode ser visto, se não compreendermos algo da profundidade da Queda ou Ruina.Cristo não morreu uma morte de mártir; mas Ele provou a morte na sua ligação penal com o pecado. A severidade e o amor de Deus foram revelados no Velho Testamento, mas feitos radiantes e intensos no Novo. É dos lábios de Jesus que somos ensinados sobre o juízo de destituição eterna da presença do Senhor.

Cristo é suficiente tanto para o presente como para o futuro. Nossa adoção não é somente legal, mas real. Recebemos tudo com Ele, e cada cristão tem uma existência eterna e abençoada. Cristo é acessível. O que parece fácil na teoria é, entretanto, difícil na prática. Existe a dificuldade de aceitar a ideia de graça gratuita – o temor de contato com Deus; o receio de ter alguma coisa definitiva concluída entre Deus e nós.

Não há diferença entre Jesus no Seu trono celestial e Jesus na terra. Esta é a glória de Jesus à destra de Deus, e Jesus quando aqui na terra – Ele recebe pecadores. Ele é agora um Sumo Sacerdote misericordioso e compassivo. O nome que Ele leva, Jesus, significa, nas palavras de Davi, “Ele redimirá Israel de todas as suas iniquidades”. Cristo é absolutamente essencial; Ele é todo suficiente; Ele está disposto a receber pecadores.

Adolph Saphuir – “Council Magazine”

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