Lembramo-nos de Ti

Este lindo hino, escrito em português pelo Sr. Richard Holden, foi originalmente escrito pelo Sr. James Montgomery, no século passado, entre os anos de 1826 e 1850. James Montgomery nasceu em Ayrshire, Escócia, em 4 de novembro de 1771, e faleceu em 30 abril de 1854, em Sheffield, Inglaterra; portanto, com a avançada idade de 73 anos. Escreveu cerca de 400 hinos e versões dos salmos, entre os quais se encontram: “Para sempre com o Senhor”, “A oração é o anseio sincero da alma”, “Descanso” e o hino que estamos focalizando, “Lembramo-nos de Ti”.

Mas, sua longa vida não foi sempre achegada ao Senhor. Sua infância foi bastante atribulada, apesar de ser filho de um ministro moraviano. Seu pai, John Montgomery, queria que seu filho fosse ministro como ele, e logo, aos seis anos de idade, James foi matriculado numa escola, na Irlanda, para onde seu pai havia sido transferido. Porém, passado algum tempo, talvez com grande surpresa para James, seu pai foi transferido novamente, desta vez para a Ilha de Barbados, nas Índias Ocidentais, e o garoto também teve de ser transferido nessa mesma ocasião para um seminário morávio localizado em Fulneck, Yorkshire, Inglaterra.

John faleceu pouco depois, em Barbados, e James ficou só, órfão de pai, “desolado e melancólico”, como disse a respeito dele um escritor da época. Vendo que James não dava para os estudos, alguns irmãos apresentaram-no ao proprietário de uma mercearia, onde ficou trabalhando por algum tempo. Mas ele gostava mesmo era de versejar. Começou a fazer versos desde sua tenra infância e aos dezoito anos de idade já havia escrito um bom número de poemas, que eram, agora, suficientes para publicação de um livro. Com essa esperança foi a Londres, Inglaterra, mas não foi bem sucedido.

Em 1792 dirigiu-se a outra cidade, Sheffield, onde arranjou emprego na redação de um jornal, trabalhando como assistente do diretor. Mais tarde este diretor teve de transferir-se para os Estados Unidos e deixou James Montgomery como redator do Jornal, no qual trabalhou durante 31 anos. O jornal tinha um caráter político-revolucionário e, por causa de ter publicado alguns assuntos um tanto fortes, como o poema sobre a “Tomada da Bastilha” e sobre a abolição da escravatura, James foi preso duas vezes. Foi durante aqueles períodos da sua vida que ele escreveu os melhores hinos.

Porém, o jornalismo político não era o plano de Deus para James. Ele deixara a tranquila cidade de Fulneck e mergulhara nas fadigas e lutas políticas do mundo, e disso veio a arrepender-se grandemente. Contudo, o Senhor não o desamparou. “Os prazeres e as desilusões do mundo”, diz o mesmo escritor, “e sua precoce instrução religiosa, evitaram que se promiscuísse com a dissolução e os prazeres da juventude, livrando-o, assim, de prosseguir no curso do pecado”. Isto, porém, não bastava, pois sua vida continuava atribulada e triste. Foi somente quando confiou em Cristo que ele pôde perceber o contraste entre a paz que agora gozava e o sentimento de desassossego e tristeza que anteriormente o dominava.

Escrevendo a um amigo a respeito dos seus sentimentos de outrora, Montgomery disse: “Tal tem sido a minha educação e tal tem sido a minha experiência no alvorecer da minha vida; não posso abraçar um sistema de moralidade que não esteja fundado no Evangelho de Cristo. Fui atirado de um lado para outro num mar de dúvidas e perplexidades; mais ainda, fui afastado daquela praia onde uma vez, felizmente, fui ancorado; a fraqueza produziu em mim um sentimento de que jamais conseguiria alcançar outro local para ancorar em segurança, e minhas esperanças de voltar ao porto seguro foram aos poucos se esgotando”. Não é esta uma confissão dramática? Entretanto esta é e tem sido a experiência de muitos! Depois de vaguear por muito tempo em busca de satisfação no mundo, acabam vencidos por um amargo desapontamento. Fora de Cristo não há verdadeira e completa alegria. Quando Ele é banido de uma vida, só podem restar inquietude e trevas.

Felizmente Montgomery experimentou, ao final, a verdadeira restauração e, com a idade de 43 anos, por ocasião de seu aniversário, escreveu aos irmãos de Fulneck, solicitando sua recepção à comunhão. O seu pedido foi prontamente atendido e ele passou a servir ao Senhor com toda a diligência até ao fim de sua vida.

Quando estava já bem próximo de sua partida, um amigo lhe perguntou: “Qual dos seus poemas perdurará?” Ao que ele respondeu: “Nenhum, senhor, exceto, talvez, uns poucos hinos”. E entre eles está, sem dúvida, o que estamos focalizando neste número: “Lembramo-nos de Ti”.

Na edição atual de Hinos e Cânticos com Música , duas melodias estão unidas a este hino: a primeira denomina-se “Lloyd” e é uma composição de Cuthbert Howard, nascido em Manchester, Inglaterra, em 1856, onde também faleceu em 1927. A segunda música, denominada “Martyrdom” é composta por Hugh Wilson, nascido em 1766, em Fenwick, Ayrshire, na Escócia, e falecido em 14 de agosto de 1824. Hugh Wilson compôs, também, muitas melodias para os salmos.

Lembramo-nos de Ti

Agradecidos pelo amor

Com que, no mundo aqui,

Por nós morreste, ó Redentor,

Lembramo-nos de Ti.

Em Teu conflito e em Teu suor.

No atroz Getsêmaní,

Na traição do traidor,

Lembramo-nos de Tí

Na desdenhosa oposição

Que suportaste alí,

Na desleal coroação,

Lembramo-nos de Tí.

Nas Tuas mágoas sobre a cruz,

De corpo e alma ali,

Por teu amor, Senhor Jesus,

Lembramo-nos de Ti.

Nas horas tristes quando, a sós,

Teu Deus deixo-te ali,

Te fez pecado, sim, por nós,

Lembramo-nos de Ti.

Letra: James Montgomery – Nasceu no dia 4 de novembro de 1771 em Ir­vine, Ayr­shire, Escócia. Faleceu no dia 30 de abril de 1854, em Mount, Shef­field, Inglaterra. Descansa em Shef­field, Inglaterra.

Música: Hugh Wilson – Nasceu em 2 de dezembro 1766 em Fen­wick, Ayr­shire, Escócia. Faleceu no dia 14 de Agosto de 1824 em Dun­toch­er, Escócia.

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