Lágrimas No Céu

As páginas da história e os travesseiros da humanidade dolorida têm sido manchadas com lágrimas desde os dias da antiguidade. Certamente não era assim que foi planejado! Deus fez da terra um paraíso para as suas criaturas. Adão e a sua esposa haviam de “ter domínio” sobre a terra e sobre a natureza.Algo Mudou!

Que delícia pura deve ter enchido os primeiros dias dos nossos primeiros pais. Que bom era acordar cada manhã com o nascer do sol jorrando a sua luz cintilante nas colinas verdejantes, transformando as gotas do orvalho da manhã em diamantes líquidos? A atmosfera perfumada com a fragrância de frutas e flores, faria de cada suspiro um prazer alegre. A serenata dos pássaros enchendo os seus ouvidos com harmonia e os seus corações com alegria. Depois, à medida que cada dia passava, com ele vinha sua bênção extraordinária: o andar no entardecer com Deus, o seu Criador amado.

Mas Havia Um Inimigo!

O pecado invadiu o reino e destronou seu rei. Adão abdicou o seu domínio à Satanás. A sua coroa, uma vez no pó, levou-os ao exílio, expulsos da vida e comunhão com Deus.

É isso que aconteceu, pois todos sabemos o quanto somos afetados por isso: “Portanto, assim como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram” (Rm 5:12).

E como consequência, ouvimos constantemente o gemido do sofredor, o lamento do moribundo, e as amargas lágrimas dos enlutados.

Será que há solução? Será que alguém pode invadir este reino e poderosamente arrancar o mau usurpador? Haverá alguém digno e capaz de retomar o direito de posse da terra e estabelecer uma nova ordem onde misericórdia e a verdade se encontrarão, e a retidão e a paz se beijarão? (Sl 85:10).

Essa foi a pergunta que o anjo potente fez no céu quando João foi arrebatado. Ele acabara de ouvir a dignidade do Senhor declarada e o propósito da criação expresso: “Todas as coisas Tu criaste, sim, por causa da Tua vontade vieram a existir e foram criadas” (Ap 4:11). Por isso foi revelado que não foi somente a humanidade que sofreu a perda, mas o Senhor que criara tudo.

Antes da visão de João, o Poderoso Ocupante do trono estava assentado, segurando o pergaminho selado O direito de posse da herança usurpada pelo pecado foi conferido a qualquer um que pudesse tomá-lo e abrir os selos. Através dos séculos, muitos tentaram requerer este direito. Os Faraós do Egito, os reis da Babilônia, os Césares de Roma, os imperadores da Europa, mas ninguém foi suficientemente digno nem altamente poderoso.

Agora, a chamada vem do céu: “Quem é digno de abrir o livro, e de lhe desatar os selos?” (Ap 5:2). Silêncio! Nenhum anjo poderoso apresentou-se para aceitar o desafio, nenhum dos espíritos de homens justos aperfeiçoados na glória apareceu, nem Moisés, nem Elias, nem Paulo, ninguém! “Ninguém… podia abrir…”. (Ap 5:3).

Os anjos nunca tinham visto uma tal cena: lágrimas no céu! Por que João chorou tanto? Estando “no Espírito”, João conheceria as implicações se ninguém fosse achado digno. Todas as promessas e declarações dum poderoso libertador, ou mesmo dos profetas, a longa esperança da “redenção da possessão já comprada” deveriam cair por terra e os eleitos que sofreram injustamente e “que choram dia e noite”, nunca seriam vingados.

E Israel, com respeito ao concerto com Abraão, e as promessas? Uma semente, uma terra, um templo glorioso, um reino, a cabeça das nações – será que tudo seria decepção? A fidelidade de Deus – seria tudo uma ilusão?

O choro do discípulo que Jesus amava, enquanto ele “chorava muito” (Ap 5:4) era o único som perante o trono.

Oh, graças a Deus! Isso não é o fim da história! O silêncio foi quebrado. Um ancião fala, “Não chores: eis que o Leão da tribo de Judá …”. E João levanta o seu rosto cheio de lágrimas, e ouve: “A raiz de Davi, venceu para abrir o livro e os seus sete selos” (Ap 5:5).

Ah! Aqui está a resposta. Um poderoso Soberano vestido com poder e majestade para impor terror sobre os Seus inimigos? Mas o que João viu? “Um Cordeiro como tinha sido morto” (Ap 5:6). Não se espante, o Cordeiro é onipotente, tendo “sete chifres”, onisciente, tendo “sete olhos”; onipresente “por toda a terra”. E é por a Sua morte sacrificial. Mesmo agora Ele é um Cordeiro vivo, ainda levando na Sua pessoa as marcas da Sua angústia. Ele é digno para tomar o livro.

Como um Leão, Ele julgará e guerreará pela força que vem do Seu trono. Entretanto, é da ira do Cordeiro que os maus tentarão fugir.

Agora é João que se cala. As suas lágrimas são enxutas; a sua alma, admirada; o seu espírito, dominado completamente, enquanto o novo canto do céu passa por cima dele como as ondas do mar. Os coros universais ressoam para encher as infinidades do espaço; “Digno é o Cordeiro…”..

Nós, os redimidos do Senhor, juntamos com os seres viventes com alívio a dizer “Amém” e prostramo-nos com os anciãos perante “Ele que tem domínio pelos séculos dos séculos” em adoração agradecida.

J. Boyd Nicholson – Tradução: Jaime Crawford – Revista “Counsel”

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