O Trabalho do Senhor na Igreja

Sempre estranhei o procedimento de irmãos que se sentem chamados para o trabalho do Senhor em lugares distantes e de preferência onde se encontram pessoas sem os “vícios” das grandes cidades. Não quero, com tal afirmação, duvidar do chamado do Senhor, nem tampouco da convicção de tais irmãos. Interessante notar que, se assim pensam, o panorama é exatamente o contrário. Nas cidades distantes dos grandes centros, os vícios chegam sempre rapidamente.

Hoje não se encontram mais os costumes interioranos. Mas mesmo assim, há os que assim pensam. E partem para as pequenas cidades, pensando encontrar um ambiente receptivo para a pregação do Evangelho. Que tal, àqueles que estão sentindo o chamado do Senhor, mudarem suas orações: “Senhor, manda-me para o lugar mais difícil, para o lugar onde o pecado aflora aos olhos. Manda-me para os grandes centros aonde a luz da tua Palavra venha a penetrar e realizar o milagre de conversões. E que este começo seja na igreja onde atualmente sirvo”.

Quem sabe, o grande “centro” será a própria igreja onde frequenta. As igrejas que estão localizadas nas grandes cidades sofrem a carência de obreiros que, muitas vezes, partem para lugares remotos como se não existissem pecadores nas imediações. E os trabalhos na própria localidade têm um crescimento bastante lento. Não há obreiros disponíveis durante a semana para atenderem os visitantes do Domingo, na pregação do Evangelho. Alguns ouviram a palavra, foram para suas casas, mas não foram procurados. Crianças assistiram a Escola Dominical e seus pais não foram visitados.

Este é um triste quadro das igrejas em cada localidade. Igrejas com mais de cinquenta anos reduzidas a uma quantidade pequena de membros. Esta carência é resultante da falta de obreiros disponíveis para esta tarefa. Muitos deixaram seus trabalhos e partiram para lugares distantes. E os membros que restaram ficam sobrecarregados, pois tem suas atividades seculares. Muitos trabalham arduamente regressando para seus lares à noite, já cansados. Outros estudam. E resta uma pequena minoria que faz o trabalho do Senhor com dificuldade. Então, um obreiro disponível na igreja da localidade seria o ideal. E esta tarefa pode ser incentivada por seus presbíteros. Incutir nos membros esta necessidade e rogar ao Senhor da Seara que suscite obreiros da própria igreja e que permaneçam nela em busca dos perdidos. Só assim teremos igrejas fortes, como aquelas dos primeiros anos registradas no livro dos Atos dos Apóstolos.

Querido irmão, você que coopera na igreja da sua localidade, você que está sentindo o chamado do Senhor, comece a se interessar pelas crianças da Escola Dominical; visite seus pais; fale da satisfação que a igreja tem tido com as visitas de seus filhos; destaque suas qualidades; crie uma simpatia nos pais e conquiste-os para uma visita à Casa de Oração. Este é o trabalho de um missionário. Procure sempre o apoio dos presbíteros da igreja de sua localidade e, sempre que possível, faça tais visitas com eles. Peça-lhes orientação e nunca faça o trabalho de maneira individual. Lembre-se que os presbíteros são os guias colocados por Deus na igreja (Hb 13:17).

Que tal colocar estes conselhos em prática? Comece na igreja e procure trabalhar nela incansavelmente. Faça dela seu campo de trabalho, o qual poderá tornar-se o melhor lugar do mundo. E quando sentir o dedo de Deus indicando outro lugar esteja convicto que esta é a Sua vontade. Deus falará no momento certo, mas somente depois de cumprir o trabalho que Deus confiou aos seus cuidados na igreja da sua localidade.

Otoniel M. Garcia

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