Cruz de Cristo

Até aqui tenho apresentado fatos relacionados com a história dos hinos. Tenho contado como, e em que circunstâncias, muitos dos hinos tão cantados hoje em nossas igrejas e como foram escritos. Dou alguns dados sobre as vidas dos seus autores e compositores recordando os velhos tempos de quando os servos de Deus eram movidos a escreverem “aquilo que lhes ia na alma”. Nesta oportunidade quero apresentar uma das histórias que um hino contou! Trata-se de um hino cujo título é “A cruz de Cristo”, escrito, em português, pelo irmão Manuel Avelino de Souza e cuja música é do Sr. William A. Odgen.

Viveu em São Paulo (SP), a mui estimada serva do Senhor, a irmã dona Maria Andrade Lopes, que foi uma das primícias do trabalho do Senhor, iniciado em São Paulo, pelo saudoso Sr. Edward Holywell, em companhia do irmão também missionário inglês Sr. Frederico W. Smith. Dona Maria, de origem lusitana, veio para o Brasil lá pelos ido de 1914, era mão do irmão Sr. Armando Marques. Dona Maria Lopes professava a fé católica romana e, conforme ela mesma diz “não foi fácil deixar a sua religião e aceitar ao Senhor Jesus Cristo, como seu único Salvador “.

Ela contou que ouvira a pregação do Evangelho, pela primeira vez, quando alguns irmãos da igreja de Vila Clementino, São Paulo (SP), pregavam ao ar livre próximo da sua casa. Convidada mais tarde, para assistir às reuniões na Casa de Oração, relutou ao princípio; mais, uma vez chegando, gostou e começou a frequentar regularmente. Fazia, como muitos outros irmãos patrícios, longas caminhadas para atingir o local da Casa de Oração, mas o fazia com gozo e satisfação.

Certo dia chegou a sua vez de ouvir o apelo a seu coração. Achava que era crente no Senhor, mas faltava-lhe a coragem para testificar de seu Salvador. Seu marido não era crente e muito fez para impedi-la de seguir a Cristo. Certa noite quando o missionário Sr. Edward Holywell, após a pregação que muito tocou seu coração, fez o apelo da seguinte maneira: separou com um sinal da sua mão, a congregação em duas alas, dizendo que, assim como o Senhor vai separar os bodes das ovelhas, na Sua segunda vinda, assim também, os que estavam à direita seriam salvos; e os que estavam à esquerda, porém, estariam perdidos para sempre! E dona Maria, estava justamente ao lado esquerdo!

O missionário anunciou, então, que a congregação iria a cantar um hino que estou comentando, “A cruz de Cristo” e, entre o cântico de cada estrofe, ele renovava o apelo, pedindo para quem quisesse entregar-se a Cristo, ficasse de pé ou levantasse seu braço.

Diz dona Maria que foi resistindo, resistindo após a primeira vez, a segunda e a terceira estrofes. Parecia-lhe que alguma força irresistível a segurava presa ao banco. Queria se entregar a Cristo, mas não podia. Mas quando cantavam as ultimas duas linhas da quarta estrofe “gozo paz, sou feito um herdeiro Teu / sofreste tanto! eu creio, ó meu Senhor”, não pode mais resistir e, entregou-se naquele mesmo instante a Cristo!

Desde então foi sempre uma fiel e muito ativa serva do Senhor, tinha uma grande paixão pelas almas e dizia, ainda com sua longa idade, que desejava ter forças para fazer visitas e levar outros para Cristo. Ela mesma orou por trinta e seis anos pela conversão de seu esposo, e conseguiu!

Sigamos o exemplo de Dona Maria Lopes, que já está na glória com o Senhor… na glória!

Letra: Manuel Avelino de Souza (1886-1962)

Música: William Augustine Odgen (1841-1897)

Edgard de Almeida

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