Ambições: Desejáveis ou Indesejáveis?

Esta vida, o que é digno de ser ambicionado? Que tipo de carreira provará ser merecedora de mais galardão cinco minutos depois de morrermos? Qual é a melhor maneira de investirmos nosso tempo, nossos talentos, nossos tesouros?

Concordaremos, primeiramente, que “ficar rico” não é um alvo desejável para um cristão?

  1. Em primeiro lugar, é claramente proibido pelo próprio Senhor (Mateus 6.19) e é, portanto, tão errado quanto a imoralidade ou o assassínio;
  2. Em segundo lugar, a riqueza material é um impedimento positivo nos assuntos espirituais (Marcos 10.23-24);
  3. As riquezas enganam (Marcos 4.19): parecem ser reais, mas esvaem-se rápida e inesperadamente;
  4. Nosso Exemplo, o Senhor Jesus, foi um homem pobre (2 Coríntios 8.9). Ele constantemente insistia em que o servo não está acima do seu Senhor (Mateus 10.24-25);
  5. Riquezas não podem ser levadas para o céu (2 Coríntios 4.18);
  6. Há um problema moral muito grande quanto a como um cristão pode permanecer rico quando ele vê tanta pobreza e necessidade no mundo ao seu redor.

Alguns anos atrás, a seguinte notícia apareceu em um jornal de Ontário, no Canadá:

“O falecido João Livingstone, de Listowel, era, por ocasião da sua morte, o homem mais rico no Condado de Perth, Ontário. Seus bens foram avaliados em 500.000 dólares. Em adição a isso, sua vida foi segurada em 500.000 dólares. Era o irmão de Davi Livingstone, o famoso explorador missionário escocês”.

“Em sua casa na Escócia, em sua juventude, estes dois rapazes fizeram grandes escolhas para a sua vida. João disse: ‘Irei ao Canadá, adquirir fortuna’. E fez isso! Davi deu sua vida ao Salvador, o Senhor Jesus Cristo, e entregou sua vida na grande tarefa de penetrar no interior da África para ganhar os negros para o Evangelho. Julgados por padrões mundanos, João seria um homem sábio e Davi, um tolo. Mas pontos de vista mundanos são de alcance muito curto. Pois, embora João alcançasse muito êxito nos negócios e ajuntasse grandes tesouros, e, embora Davi enterrasse sua vida na África e morresse ajoelhado em uma cabana solitária, o resultado patente depois de cinquenta ou setenta e cinco anos é que o nome de João quase que desapareceu da terra, enquanto que o de Davi Livingstone é flagrante onde quer que o Evangelho seja conhecido ao redor do mundo” (C. E. Tatham).

Mas a perseguição da riqueza é o único grande engodo! Uma outra grande força motivadora nas vidas dos homens é a proeminência pessoal. Os homens querem ser alguém para alcançar notoriedade e se tornarem ilustres. Alguns buscam esta glória nos negócios ou nas profissões. Dão o melhor de si para isto. Adoram junto ao santuário do comércio ou da ciência. Incessantemente esforçam-se para alcançar êxito no campo de sua escolha, enquanto a voz de Deus os exorta: “Procuras tu grandezas? Não as procures” (Jeremias 45.5).

Alguns buscam distinção no atletismo. Severamente, eles treinam sob a mais rígida disciplina. E então, no calor da competição, forçam cada ligamento e músculo para ganhar o prêmio. Mas o comentário das Sagradas Escrituras é que Deus “não se compraz nos músculos do guerreiro” (Salmo 147.10). Deus não é um devoto dos esportes porque as vantagens do exercício corporal são apenas para esta vida, enquanto que a piedade é proveitosa para a Eternidade, assim como também para o tempo atual (1 Timóteo 4.8).

Outros buscam distinção em alguma forma de conhecimento, quer seja a filosofia, a história ou a música… Mas a tragédia indescritível é ver os cristãos gastando suas vidas para se tornarem habilitados em campos de aprendizagem que serão de pouco valor no céu.

Ainda, outros têm a nobre ideia de auxiliar os seus companheiros e assim se lançam no mundo da luta política ou social ou de alguma outra tentativa de melhoria da comunidade. Deve ser dito a seu favor que eles são os menos egoístas de quantos já consideramos, mas mesmo seus propósitos altruístas são deficientes, pois, para auxiliar o homem ou solucionar os tremendos problemas que ele enfrenta, é preciso mudar a sua natureza e nenhum dos projetos visionário desta época pode fazer isto. Somente o Evangelho tem a resposta. A verdadeira filantropia é apresentar o Senhor Jesus Cristo ao homem.

Assim, pois, poderíamos continuar examinando as coisas comuns pelas quais os homens vivem e as acharíamos indignas dos maiores esforços do homem porque elas são primeiramente ineficientes e, em segundo lugar, porque falham no teste do tempo. Seu valor é limitado apenas a esta vida. Nunca podem preencher a visão do cristão que vive para dois mundos.

“Nenhuma vida encontrou o seu verdadeiro significado se não levou em consideração os dois mundos: A vida que agora é e a que está para vir. É normal que as pessoas cujas cabeças estão grisalhas pensem na outra vida, mas gostaria de alcançar aqueles cujas cabeças não estão grisalhas e insistir com eles para que, agora, enquanto é tempo, pensem em redimir a vida de incredulidade e de baixeza, de egoísmo e de estreiteza para a fé e a retidão e a nobreza, para pensarem na vida como pertencendo a dois mundos. Dois mundos: este é tão breve; o outro, sem fim! O que estará reservado para nós mais além? Essa é a questão que eleva o temporal, o transitório, a significação e importância eternas. O que eu tenho feito hoje significa alguma coisa para mim por toda a Eternidade. Eu não terei começado a enfrentar o problema da vida enquanto não considerado isto” (Dr. C. I. Scofield).

Guilherme Kelly era um proeminente estudante da Bíblia e sua erudição e espiritualidade o tornaram um poder real para Deus na Grã-Bretanha no fim do século dezenove. O sr. Kelly ajudou um jovem, parente seu, a se preparar para o Trinity College, em Dublin, e desta maneira chamou a atenção dos professores de lá. Estes insistiram com ele para que assumisse uma cátedra no Colégio! e assim se projetasse profissionalmente. Quando o sr Kelly demonstrou completa falta de entusiasmo em aceitar o convite, eles ficaram desconcertados. Um deles perguntou exasperado: “Mas, sr. Kelly, o senhor não está interessado em fazer um nome para si no mundo?” Ao que o sr. Kelly habilmente respondeu: “Qual mundo, senhores?”.

Sim, é isso mesmo. Ao considerarmos nossas ambições na vida, a questão é: “Que mundo, senhores?

Tua ambição é aprovada à luz desta verdade?

William MacDonald – Extraído do livro “Pensa No Teu Futuro”, 2 Edição – 2005, Editora Edições Cristãs.

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